O meu PLE

 Quando no âmbito da unidade curricular Processos Pedagógicos em eLearning me foi solicitada uma representação gráfica do meu Personal Learning Environment (PLE), assunto que já tinha explorado em publicação anterior, dei comigo a pensar durante toda uma semana sobre como levar a bom termo essa tarefa.

A dificuldade que senti ultrapassava largamente a identificação das ferramentas e ambientes que frequento e que fazem indubitavelmente parte do meu PLE. A contrariedade encontrava-se em como representar graficamente as relações entre ferramentas e suas funções, o que dificilmente se estabelece visualmente num diagrama de simples conexões entre pontos. Assim...fui pesquisar e encontrei todo um novo mundo!

Scott Leslie, no blog EdTech in the Wild,  propõe a caraterização de um PLE em 6 categorias: 

1. Orientado por ferramentas (Tool oriented) - reduz o PLE a uma coleção de ferramentas usados pelo utilizador;
2. Orientado por funções (Use oriented) - introduz a funcionalidade para a qual as ferramentas são usadas;
3. Orientado por recursos (Resource oriented) -  inclui os recursos educacionais, tanto formais como informais;
4. Orientado por pessoas (People oriented) -  menciona explicitamente pessoas ou grupos de pessoas como parte do PLE;
5. Orientado por fluxo (Flux oriented) - reforça as conexões e o fluxo de informação entre ferramentas e pessoas;
6. Híbrido - o PLE é representado como um processo dinâmico em que ferramentas e recursos são associados a funções e são ainda representados os fluxos de informações entre os vários elementos.

Apesar de um PLE híbrido ser sem dúvida o mais rico das 6 categorias apresentadas, senti não conseguir em tão pouco tempo chegar a uma representação gráfica conveniente. Os fluxos de informação, em particular, tornavam ininteligíveis todos os esquemas esboçados.

Concentrei-me então nas principais funções em que baseio o meu processo de aprendizagem informal. Inicialmente tive dificuldade em criar um número reduzido de funções, mas percebi que mais que três tornaria o PLE demasiado complexo. Steve Wheeler, propõe um esquema de PLE baseado em "generating content", "sharing content" e "organising content". Alguma reflexão depois, decidi-me pelas funções "criar", "partilhar" e "pesquisar" por me parecem basilares no meu processo de aprendizagem.

O que compreendi é que delimitar fronteiras no nosso processo de aprendizagem é uma tarefa difícil . Onde começa o criar e acaba o partilhar? E como dissociar a pesquisa da criação?...Como um rizoma, os processos de aprendizagem entrelaçam-se e crescem ora ligados uns aos outros, ora avançando em diferentes direções.

A escolha das ferramentas que uso em cada uma das funções não é, pois, um processo definitivo e não será unânime, mas há talvez alguns esclarecimentos que a podem tornar mais clara:

• A interseção entre os círculos representa graficamente a sobreposição das ferramentas, recursos e  ambientes de aprendizagem no processo cognitivo, deixando antever a importância da educação imersiva;
• É evidente, visualmente (o círculo está notoriamente mais preenchido que os restantes), a importância do "partilhar" no meu PLE, o que reflete a importância da aprendizagem conectivista na aprendizagem informal dos dias de hoje;
• Coloco o blogger e o wordpress, plataformas similares, em zonas diferentes do gráfico porque sou, para já, criadora exclusiva no blogger, onde tenho alojados 4 blogs relacionados com o meu percurso académico e profissional;
• Senti necessidade de incluir alguns meios de comunicação social porque são esses que acompanho diariamente, são a minha janela para o mundo. Estão também na zona de partilha porque faço aí comentários e são de facto fontes de informação para reflexão e partilha com as minhas conexões;
• O ícon com a pessoas, na zona de interseção entre "partilhar" e "pesquisar" é intencionalmente maior que os restantes, porque a rede de conexões, de pessoas (família, amigos, colegas, alunos, desconhecidos com quem troco comentários na rede, a senhora junto a quem me sento no autocarro...) são de uma enorme riqueza no meu PLE.Não podiam ser desvalorizadas.

Reconheço que outras conexões, outras ferramentas, outros recursos poderiam constar no meu PLE. Este é um trabalho sempre inacabado. Espero, no entanto, ter conseguido ilustrar a vastidão de um PLE, a dificuldade em delimitar processos dentro de um sistema de aprendizagem informal, o facto da educação ubíqua ser hoje uma realidade.

E agora...o meu PLE:

Fontes de informação: 

Leslie, S. (2019). Some Observations on PLE Diagrams. In R. Kimmons (Ed.), EdTech in the Wild. EdTech Books. https://edtechbooks.org/wild/ple_diagrams

Wheeler, Steve (2009). It’s Personal: Learning Spaces, Learning Webs. Apresentação no Slideshare.http://www.slideshare.net/timbuckteeth/its-personal-learning-spaces-learning-webs