No âmbito da UC Projetos Pedagógicos em eLearning, foi solicitado aos formandos uma bibliografia anotada com dois itens sob o tema Pedagogia do eLearning.
Os assuntos tratados nos artigos escolhidos não foram fruto de acaso. O papel do professor e a avaliação em contexto de eLearning merecem de facto interesse, curiosidade e reflexão no meu dia-a-dia - marcado, à semelhança da maioria do professores portugueses, por força da pandemia Covid-19, por uma experiência de ensino remoto de emergência para a qual fui lançada sem outras ferramentas que intuição, boa vontade e capacidade de adaptação...
MORGADO, L. (2001). O papel do professor em contexto de
ensino online: Problemas e virtualidades. In Discursos, III Série, nº
especial, pp. 125 – 138, Uni. Aberta.
Disponível em https://repositorioaberto.uab.pt/bitstream/10400.2/1743/1/professor_online_linamorgado.pdf
“Trata-se, pois, de reconduzir a tecnologia ao lugar que deve ocupar, enquanto meio e não enquanto princípio definidor da aprendizagem.”
Descrição
Apesar do título do artigo apontar para o papel do professor
no ensino online, os aspetos abordados extravasam essa problemática.
Sublinhando que o recurso à tecnologia no ensino online não
pode fazer esquecer o papel da pedagogia neste tipo de ensino, a autora defende
que o ensino online carece de uma nova abordagem pedagógica, de cariz
construtivista, onde a aprendizagem colaborativa tem um papel de destaque.
Assim, Lina Morgado, depois de sistematizar alguns modelos
de ensino online e os aspetos críticos a levar em conta neste tipo de ensino,
centra a reflexão no papel do professor, nas suas áreas de atuação, de como a sua função
evolui à medida que interage com os estudantes e a importância da sua ação para
o sucesso das aprendizagens dos seus alunos.
Avaliação contextualizada
A pedagogia do ensino online é uma extensão da pedagogia do
ensino presencial? Que adaptações se exigem ao papel do professor em ambiente
virtual?
O ensino online não deve ter como ênfase o meio tecnológico,
antes o conteúdo e a interação entre os intervenientes. Neste contexto, o
desafio é a criação de comunidades de aprendizagem, nas quais o papel do
professor – incidindo na visibilidade, feedback, disponibilização de materiais,
preocupação com a permanência dos estudantes no curso – é determinante para o
seu sucesso.
É pois necessário compreender as especificidades deste tipo
de ensino e reconhecer os principais aspetos críticos – a dimensão do grupo, o
uso do tempo online, a adaptação à assincronia e a construção de uma comunidade
de aprendizagem – para adaptar as estratégias e potenciar a aprendizagem.
Gomes, J. (2009). Problemáticas
da avaliação em educação online. Universidade do Minho. Centro de
Competência TIC (CCTIC UM)
Disponível em http://repositorium.sdum.uminho.pt/handle/1822/9420
Descrição
Neste artigo, Maria João Gomes, analisa a problemática a avaliação
em ambiente online. Apesar de referir a avaliação de cursos a distância em
modalidade online, é sobre a avaliação das aprendizagens online que incide o
desenvolvimento do artigo.
Compreendendo que a avaliação está fortemente ligada ao
paradigma de ensino vigente, sendo condicionada pelos instrumentos disponíveis
e pela função que adota – diagnóstica, formativa ou sumativa – os
constrangimentos da avaliação em ambiente virtual são muito particulares, nomeadamente
a questão da dificuldade de verificação da identidade dos estudantes.
Como forma de colmatar os obstáculos associados à avaliação
em ambiente online, a autora aponta a necessidade de diversificar as
estratégias avaliativas de forma a permitir, por parte do professor, a
construção de um perfil de cada estudante, explorando esta estratégia ao longo
do texto.
São ainda tecidas considerações sobre algumas ferramentas
disponíveis para implementação de práticas avaliativas online.
Avaliação contextualizada
Avaliar o quê? Avaliar como? Avaliar porquê?
As estratégias de avaliação presencial não se coadunam com os
obstáculos que se encontram quando o ensino se desenvolve online. Se a pedagogia
do e-learning tem especificidades próprias, a avaliação das aprendizagens nesse
contexto tem também aspetos específicos.
Dada a necessidade de adoção de pedagogias construtivistas, a
aposta deverá passar pela diversificação de instrumentos, numa gestão que permita
ter evidências do percurso realizado e a construção de um perfil do aluno.
Instrumentos de avaliação como testes de escolha múltipla
poderão ser úteis para a avaliação formativa, mas o acompanhamento do aluno e a
avaliação da sua evolução serão feitos de forma muito mais eficientes com
instrumentos de outra natureza, como a participação em fóruns, chats, VoIP,
portefólios digitais ou mapas concetuais.
Bom dia Ana!
ResponderEliminarTambém escolhi- MORGADO, L. (2001). O papel do professor em contexto de ensino online: Problemas e virtualidades. In Discursos, III Série, nº especial, pp. 125 – 138, Uni. Aberta.
Realmente é um artigo que nos dá uma vissão clara do plapel do professor em contexto online na viragem do século.
#mpel14 #ppel
Olá, Ana!
ResponderEliminarSobre o texto 1, a questão central é - e deve ser mesmo - a pedagogia e não o apego a uma modalidade. Em minhas pesquisas, também encontrei um texto que diz que o papel do professor online não é necessariamente diferente dos demais, sendo que sua função como designer instrucional é necessária independente do contexto (Kalimullina, Tarman e Stepanova, 2020). Quanto à pergunta "o ensino online é uma extensão da pedagogia do ensino presencial?", penso que não. Assim como vimos em Moreira e Schelemmer (2019), uma realidade não deve ser a extensão de outra, mas precisam sim coexistir - daí a noção do híbrido de unir formas "que se conectam ao mesmo tempo à natureza das coisas e ao contexto social, sem, contudo, reduzir-se nem a uma nem a outra.
Obrigado por partilhar! Abraços!
Jardel
Apenas complementando, havia me esquecido de adicionar as devidas referências, as quais seguem abaixo:
EliminarKalimullina, O., Tarman, B. and Stepanova, I. (2020). Education in the Context of Digitalization and Culture: Evolution of the Teacher's Role, Pre-pandemic Overview. Journal of Ethnic and Cultural Studies, 8(1), pp.226-238. Disponível em: http://www.ejecs.org/index.php/JECS/article/view/629
Moreira, José António. Schlemmer, Eliane. (2019). Modalidade da Pós-Graduação Stricto Sensu em discussão: dos modelos de EaD aos ecossistemas de inovação num contexto híbrido e multimodal. Educação Unisinos. (pp.689-708). Disponível em: http://revistas.unisinos.br/index.php/educacao/article/view/edu.2019.234.06
Olá, novamente!
ResponderEliminarQuanto ao texto 2, essa temática da avaliação é mesmo muito pertinente e traz ideias muito importantes quanto à atuação do professor, já que um processo de avaliação - principalmente no online - precisa ocorrer o tempo todo e não somente no final. Penso que em ambientes online mediados por tecnologia, diversos aspectos precisam ser avaliados além dos testes e exames. A própria utilização de determinada tecnologia já é, em sim, um produto de aprendizagem que pode ser incluída numa perspectiva formativa.
Excelente anotação, Ana!
Abraços!
Jardel
Olá colegas!
ResponderEliminarObrigada pelas vossas considerações.
Acho que o Jardel referiu três pontos essenciais nos textos que li: No ensino a distância a pedagogia é fulcral e não deve ser suplantada pela tecnologia, que deve ser encarada como uma ferramenta ao serviço do processo de ensino/aprendizagem; o papel do professor é crucial para o sucesso da aprendizagem; a avaliação online carece de uma abordagem contínua e diversificada.
Agradeço ainda a partilha dos artigos!
S@udações